A força do pai

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É muito comum no “dia dos pais” virmos nas redes sociais muitas declarações de amor direcionadas aos pais, mas também muitos desabafos de filhos que não tiveram seus pais presentes, seja a presença afetiva, física ou até ambas. “Pai é quem cria.” Já ouvi esta frase muitas vezes em minha vida e até há alguns anos ela fazia muito sentido e era muito verdadeira para mim, mas hoje questiono o impacto que existe quando, para algumas pessoas, o pai biológico é excluído. E se em vez de ter apenas um (quem cria) pudéssemos abrir um espaço em nosso coração e ter dois pais?

Será que sairíamos ganhando ou perdendo com esta abertura?

A função pai pode ser realizada por qualquer pessoa, inclusive muitas mães também a executam quando o pai não é presente na vida do filho. Mas, saiba que se existe vida, existe um pai biológico e nada pode mudar isso. Convido você a abrir seu coração para estar comigo nesta reflexão e, talvez, caso seja necessário para você, dar um novo significado a sua relação com esta pessoa tão importante para a vida, o pai.

Somos 50% pai e 50% mãe, biologicamente é assim que somos, e mais do que isso, também somos resultado da história deles. Percebe que a vida se faz por meio desta doação inicial dos nossos pais? Não vou conseguir descrever aqui todas as possibilidades de relações entre pais e filhos, pois eu, como profissional da área da saúde mental, sei que existem relações muito delicadas, nas quais muitos filhos, por vezes, foram feridos, fisicamente e/ou emocionalmente pelos seus pais quando crianças. Se você é uma destas pessoas e está lendo este texto, você é adulto e hoje como adulto, você pode mudar o significado que você tem dado a sua história com seu pai.

Antes dos pais serem pais, eles são também seres humanos. Com todas as suas qualidades e seus “defeitos”, com toda a sua vulnerabilidade e humanidade, portanto pai e mãe são duas pessoas que um dia se relacionaram e fizeram a escolha de ficarem juntos e desta escolha veio você. E quando olhamos para essa relação, como adultos, conseguimos compreender que pai e mãe é uma coisa, e homem e mulher, é outra coisa. Muitas vezes confundimos isso e acabamos julgando a relação do casal, e escolhendo um lado, o que, como filhos, não é nossa função, além de ser muito doloroso para nós fazer esta escolha. Não sei qual é a sua situação com seu pai atualmente, se ele é presente, se sua relação com ele é boa ou não, mas posso te afirmar que se você exclui seu pai do seu coração, você nega uma parte sua fazendo isso você segue para vida sempre em falta. Vejo muitas pessoas excluindo o pai da vida e a leitura que faço é que se de um lado existem mágoa, raiva ou indiferença, do outro lado existe muito amor que não foi sentido ou compartilhado.

Para que você possa seguir se sentindo em completude, pai e mãe precisam estar inteiros no coração, independente de como foi no passado, pois como adultos, podemos trazer a parte mais importante deles no nosso coração, a vida que nos foi doada. Sem julgamentos com suas atitudes como homem, mas olhando para o que de bom você pode levar dele e transformar isso para o mundo e para as pessoas com as quais se relaciona. Este homem existe em você, você querendo ou não. Então como fica quando nossos pais não são os pais que “deveriam” ser? Pais presentes, pais amorosos, pais orientadores? Eles permanecem em nós, com aquilo que puderam dar. Se alguns puderam dar “apenas” a vida, faça o melhor que puder com isso.

Simoni Karine

Simoni Karine

Simoni Karine Doy Cunha, Psicóloga e Mind Coach Afine-se.
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