A Associação Americana de Psiquiatria identificou vários transtornos alimentares e nesta classificação estão os critérios diagnósticos para o Transtorno de Compulsão Alimentar (TCA) e o Food Addiction, ou vício em comida, que está cada vez mais em pauta.
É muito comum que as pessoas confundam o vício em comida com o TCA, que é caracterizado por episódios recorrentes de descontrole alimentar (compulsão) em que se ingere uma quantidade muito grande de alimentos, num curto espaço de tempo, com uma rapidez e voracidade diferente do habitual das refeições não compulsivas, com sensação de perda de controle. Normalmente, é possível identificar sentimentos e situações que desencadeiam estes episódios e o sofrimento psíquico se dá justamente pela culpa da perda de controle.
De alguns anos pra cá, inúmeros estudos vêm sendo publicados relatando um padrão diferente de descontrole alimentar, desta vez sendo um padrão similar ao vício ou adicção por substâncias, porém neste caso seria pela comida. Segundo estes estudos, o vício por comida seria uma dependência comportamental caracterizada pelo consumo compulsivo de alimentos altamente palatáveis (com alto teor de gordura, açúcar e/ou sal), que seriam os tipos de alimentos que ativam fortemente o sistema de recompensa tanto em humanos quanto animais.
A ideia de que alguns indivíduos poderiam ser viciados em comida partiu de estudos que verificaram que era possível identificar uma “ativação” em regiões cerebrais responsáveis pela recompensa e percepção de prazer de maneira similar a “ativada” por drogas, como cocaína e heroína, através de exames de neuroimagem e neurofuncionais. E por isso, notou-se então que estes alimentos altamente palatáveis teriam potencial viciante.
O que precisamos avaliar é que, para determinada substância provocar dependência, é necessário que atue diretamente sobre vias cerebrais específicas, em particular as vias de neurotransmissão da dopamina, modificando a liberação da mesma. Embora diferentes drogas promovam estas modificações de maneiras diferentes, ligando-se a diferentes receptores, ou transportadores, o resultado final é aumentar a disponibilidade sináptica da dopamina.
Supondo que este diagnóstico seja fundamentado e reconhecido, apesar de o comer exagerado e a obesidade serem frequentemente atribuídos a um vício em alimentos, não podemos descartar que a pessoa possa ter vício em comida porque ela não é obesa; nem podemos afirmar que todo obeso tem vício em comida.
Ainda faltam evidências para afirmar que determinados alimentos podem provocar modificações químicas cerebrais passíveis de provocar o vício em comida. Contudo, não podemos desconsiderar que este quadro é potencialmente considerado como existente. É uma área que necessita de mais estudos e, de toda forma, procure ajuda de um profissional capacitado para avaliação.
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